domingo, 29 de março de 2009

E a atitude que acaba me consolando é a menos ética e mais patética possível, mas é a que funciona: eu olho ao redor e vejo que tudo poderia ser bem pior. E vejo que mesmo tropeçando e me escondendo, eu tô construindo alguma coisa aqui. Não sei direito o que vai ser, e nem confio plenamente nas bases onde tô apoiando a estrutura, mas a gente tem que pagar pra ver, não é? Mesmo me mostrando forte, e o sorriso amarelo não parecendo tão amarelo, às vezes eu acho que tudo é muito complicado, mesmo quando a gente tenta fazer com que fique simples. E a vontade que eu tenho é de não existir. Entrar na minha concha, dormir no quentinho das minhas cobertas e não acordar nunca mais. Um pouco é reflexo da minha preguiça e covardia. Todo mundo, ou pelo menos muita gente, deve ter esses pensamentos. E alguma coisa sempre mantém a gente seguindo em frente. No meu caso, deve ser aquilo que eu gosto de definir ingênuamente como otimismo, aquele sussurro que me diz que ainda vai ficar tudo bem. Não sei como nem onde, mas essa é uma das poucas coisas, senão a única, em que eu tenho fé. Infinitamente acordo desta tristeza branca, encardida, sentindo que é hora de partir. Partir pra algum lugar onde eu não me (re)conheça, e eu juro que tento. Aperto o que resta nos bolsos, ensaio, até parto, mas minhas pernas não obedecem e eu nunca vou muito longe, eu não consigo me abandonar, não consigo não acordar sem o braço formigando com sede de sangue, não consigo não sair pra rua, não encontrar com a lua, não saber que a noite vai chegar, a chuva vai voltar e mais uma vez eu vou ter medo de ter medo, medo de que em um determinado momento eu me esqueça de quem fui, de qual o caminho vai me fazer voltar. Definitivamente, sem sentimentalismos hoje! Talvez eu volte novinha em folha. Talvez amanhã eu sinta saudades e depois de amanhã eu já esteja por aqui de novo, mas agora não tenho forças pra sentimentalismos. Tenho que deixar a casa cair e voltar inteira outra vez, mais tarde, talvez. Nada, nunca foi definitivo na minha vida.

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo .

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